A religiosidade no Espírito Santo colonial

por Fabio Paiva Reis, autor do site historiacapixaba.com
 

Não há como negar a importante participação da igreja católica na fundação da América portuguesa. Essa participação começou antes mesmo de o Brasil existir, porque o Tratado de Tordesilhas, que dividiu o mundo entre portugueses e espanhóis lá em 14941MOREIRA, A. Tratado de Tordesilhas de 7 de Junho de 1494. Nação e Defesa, [s. l.], n. 70, 1994. p. 14., só foi assinado porque tinha o apoio do papa Alexandre VI e tinha como base algumas bulas papais que já negociavam a divisão do mundo desde 1452. O tratado final, o de Tordesilhas, foi assinado dois anos depois de Cristóvão Colombo atravessar o Atlântico e seis anos antes de Pedro Cabral fazer o mesmo!

A igreja também ofereceu às nações europeias a justificativa religiosa para a expansão, posse e exploração das novas terras encontradas nos descobrimentos. Esse processo foi bastante fundamentado na evangelização e conversão de novas almas ao cristianismo.2CHAMBOULEYRON, R. A evangelização do novo mundo: o plano do Pe. Manuel da Nóbrega. Revista de História, [s. l.], n. 134, 1996. p. 38. Não foi a toa que os primeiros reis a financiarem uma viagem através para o oeste foram os espanhóis. Isabel e Fernando eram chamados de Os Reis Católicos e tinham derrotado os mouros e reconquistado e unificado todas as partes da Espanha pela primeira vez em 700 anos. Por causa deles, a Península Ibérica era em 1492 totalmente cristã, e os reis espanhóis passaram então a desejar a expansão do cristianismo pelo mundo.3DE MORAIS OLIVEIRA, M. I. B. Entre a espada e a cruz: Bartolomeu de Las Casas em defesa do modo pacífico de evangelização dos indígenas na América Espanhola. Revista Brasileira do Caribe, [s. l.], v. 19, n. 37, 2018. p. 9.

Já no Brasil, os religiosos foram os responsáveis pela educação e instrução na colônia, trabalhos de assistência e até mesmo por apoiarem e realizarem entradas para o sertão em busca de indígenas para suas missões ou de riquezas.4FREIRE, M. A. Subsidios para a História Seiscentista do Espírito Santo. Revista do Instituto Histórico e Geografico do Espirito Santo. Vitória, [s. l.], n. 14, 1941. p. 56. Eles também tinham um importante papel na administração da colônia, já que atuavam como consultores do Governo Geral. Isso fazia com que eles fossem muito influentes em todo o território da colônia.

No Espírito Santo, a igreja rapidamente se estabeleceu em diferentes espaços, ocupados por diferentes ordens com diferentes templos. Devido ao sistema de Padroado, a administração da igreja Católica em Portugal e suas colônias passava pelas mãos do governo português, inclusive financeiramente. Por isso, grande parte das despesas da capitania nesse período estava relacionado aos religiosos: um documento de 1617 mostra que 83% de todo o orçamento do Espírito Santo era voltado para a igreja de alguma forma.5Registro da Folha Geral do Estado do Brasil. In: Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Officina Typografica da Bibliotheca Nacional, 1906. p. 362–363.

Para entender essa forte presença religiosa nas primeiras vilas da capitania, é possível usar um mapa feito, provavelmente, entre 1608 e 1616. Acredita-se que esse mapa tenha sido feito por Alexandre Massaii, engenheiro militar de Nápoles que foi contratado por Portugal para fazer o mapeamento de povoações litorâneas do império.6MANSO PORTO, C. Cartografía Histórica Portuguesa: Catálogo de Manuscritos (Siglos XVII-XVIII). Madri: Real Academia de la Historia, Departamento de Cartografía y Bellas Artes, 1999. p. 24–25.

Independente de quem o fez, este mapa é um impressionante trabalho de mapeamento da ilha de Vitória e seus arredores, que não é repetido em qualquer outro mapa do período colonial. Isso porque aqui é o único lugar que conseguimos imaginar plantas das vilas de Vitória e do Espírito Santo e localizar seus prédios e igrejas.

 

Capitania do Espíritu Sancto. 1612. [Escala ca 1:25 000]. 1 mapa: manuscrito, color.; 55 x 82 cm. [ca. 1608-1616]. Autoria Desconhecida. Pert.: Real Academia de la Historia, Espanha. Veja este e outros mapas em historiacapixaba.com.

Essas “plantas” podem ser vistas quando recortamos detalhes do mapa, destacando as duas vilas. Nessas imagens, podemos ver que os únicos edifícios com nomes são as igrejas, mas o conjunto completo nos ajuda a imaginar como era o povoamento dos colonos no Espírito Santo no início do século 17.

A mais antiga das igrejas que aparecem no mapa já foi mencionada. A Igreja do Rosário está na Prainha onde Vasco Coutinho desembarcou pela primeira vez. Em Vitória, a primeira igreja a ser construída foi a capela de Santa Luzia. Muitos dizem que ela foi construída a partir de 1537, sendo assim uma das mais antigas do Brasil. Ela ainda está lá, no centro da cidade.

Duas das mais antigas igrejas que já não existem mais são as de Santiago, dos jesuítas, e a Matriz. A primeira, que ficava junto ao colégio, foi oficialmente desmontada no início do século 20 em uma ampliação do antigo colégio dos jesuítas, agora sede do governo do estado. A segunda foi posta ao chão em 1918 para dar lugar à Catedral Metropolitana.

 

Detalhes do mapa, mostrando a vila do Espírito Santo (atual Vila Velha). Veja este e outros mapas em historiacapixaba.com.

Detalhes do mapa, mostrando a vila de Vitória. Veja este e outros mapas em historiacapixaba.com.

Outras quatro igrejas coloniais desapareceram com o tempo. Em Vitória, havia a de São Bento, próxima da atual Igreja do Rosário, e a Nossa Senhora da Misericórdia, que, estando de frente para o Colégio, foi derrubada na mesma época das duas anteriores para dar lugar a um palácio. Em Vila Velha, houve a Matriz e a de Santa Catarina.

Entre as que sobreviveram estão os conventos de São Francisco, em Vitória, e da Penha, em Vila Velha. O Convento de São Francisco, que ficava um pouco afastado do centro da vila, foi construído a partir de 1589, depois da chegada dos franciscanos, que foram convidados pelo donatário Vasco Fernandes Coutinho Filho.

Já o Convento da Penha é ainda mais antigo, pois começou a ser construído em 1558. Seu idealizador era um franciscano também, mas leigo, e se chamava Pedro Palácios. Isolado nas proximidades da Prainha, chamava a atenção da população e também dos religiosos da capitania. Seu convento, com o tempo, também chamou a atenção de moradores e viajantes, tornando-se um marco da paisagem e da religiosidade da colônia.

 

Não é errado dizer que o grande passo para a expansão da religião católica na colônia foi dado pela Companhia de Jesus, que chegou ao Brasil a partir de 1549. Surgida apenas em 1540, a ordem tinha como líder Inácio de Loyola. Este era um religioso com passado militar que sonhava com a evangelização das novas áreas do período dos descobrimentos com o apoio de padres educadores e irmãos dispostos a enfrentar as viagens em nome do cristianismo.

O limite inicial de 40 membros foi rapidamente abandonado e a Companhia de Jesus cresceu e se expandiu. Em Portugal, o padre Manuel da Nóbrega liderou os religiosos7HERNANDES, P. R. A Companhia de Jesus no século XVI e o Brasil. Revista HISTEDBR On-line, [s. l.], v. 10, n. 40, 2010. p. 230., que vieram para o Brasil junto com Tomé de Souza, primeiro Governador Geral8“Até meados do século XVII os governadores gerais eram os chefes supremos na colônia brasileira. O primeiro Governador Geral, Tomé de Souza, assumiu em 1549 com o objetivo de iniciar no Brasil uma força capaz de acelerar a colonização e proteção do território, combatendo o perigo espanhol, que surgia em sua expansão. Puntoni afirma que, apesar do poder do Governador Geral ultrapassar o dos donatários, ou se sobrepor a eles, “substituindo-os em algumas funções”, eles não anulavam seu espaço de autoridade. O regimento ao qual seguiam permitia que os governadores atuassem acima e além dele, caso o serviço à Majestade pedisse uma decisão diferente. E como o mundo colonial diferia – e muito – do mundo europeu, português, com o qual a comunicação era bastante lenta, eram comuns as constantes mudanças no regimento para aprimorá-lo e adequá-lo à colônia, assim como era comum a sua não utilização.” REIS, F. P. A serra das esmeraldas. Vitória: Spirito Sancto, 2017a, p. 87.. Entre eles, estavam o padre Leonardo Nunes e o irmão Diogo Jácome, os primeiros jesuítas a desembarcarem no Espírito Santo, ainda em 1549.

Apesar de ficarem na região por aproximadamente um mês, o destino deles era São Vicente. Entretanto, no ano de 1551 chegariam o padre Afonso Brás e seu acompanhante, o irmão Simão Gonçalves, que seriam os responsáveis por dar início ao estabelecimento da ordem na capitania.9CUNHA, M. J. dos S. Os Jesuítas no Espírito Santo 1549-1759: contactos confrontos e encontros. 2015. Tese (Doutorado m Teoria Jurídico Política e Relações Internacionais) - Instituto de Investigação e Formação Avançada – IIFA: Universidade de Évora, Évora, 2015.  p. 10.

Ali, a Companhia de Jesus criou um impressionante sistema de igrejas, missões e fazendas, que as sustentavam, por todo o litoral de Vasco Fernandes Coutinho. Muitos dos grandes nomes da ordem ali estiveram durante esses primeiros anos e talvez o mais importante deles tenha sido o padre José de Anchieta. Hoje considerado santo pela igreja católica e chamado de Apóstolo do Brasil, Anchieta foi responsável por escrever a primeira gramática da língua geral dos povos tupi-guarani e é considerado um dos fundadores das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro.10DORIA, P. Anchieta: o Santo Que Inventou Rio e São Paulo. O Globo. 2014. Disponível em: . Acesso em: 25 maio. 2020.

Ele viajou principalmente pelo litoral da atual região Sudeste do Brasil e, em seus últimos anos de vida, estabeleceu-se no Espírito Santo, na aldeia de Reritiba, onde hoje está a cidade que leva o seu nome. Dali, quando morreu, em 1597, foi levado para o Colégio de Santiago, em Vitória, onde foi enterrado e onde o seu túmulo ainda pode ser visitado.11IBGE. Biblioteca: Detalhes: Túmulo De José De Anchieta : Vitória, ES. IBGE. [s.d.]. Disponível em: . Acesso em: 29 maio. 2020.

Em seus últimos anos, Anchieta assumiu o cargo de Provincial da Companhia de Jesus no Brasil, tendo sido parte essencial do estabelecimento e expansão da ordem na colônia. É impossível negar a impressionante organização da Companhia de Jesus nessa expansão e parte dessa organização levou a uma insistência em registrar todos os acontecimentos em cartas e preservar essa comunicação no passar dos anos. E é graças ao trabalho de personagens como Anchieta que hoje temos acesso a vários desses documentos históricos, que nos permitem entender um pouco mais sobre como era a religiosidade dos colonos no Espírito Santo colonial.

Talvez o mais antigo desses documentos seja uma carta do padre Leonardo Nunes, de agosto de 15501224/08/1550: Outra do padre Leonardo Nunes do porto de s. Vicente do anno de 1550. In: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (Ed.). Cartas Avulsas, 1550-1568. v. II. Rio de Janeiro: Officina Industrial Graphica, 1931a.. Nela, ele fala de sua saída da Bahia no final do ano anterior em direção a São Vicente, que contou com uma parada de quase um mês no Espírito Santo.

Padre Leonardo escreve que, ao desembarcar, foi recebido pelo vigário da capitania, o padre que estava então responsável pelas igrejas seculares que já existiam, como a do Rosário, no continente. Leonardo se mostrou preocupado com o fato de vários dos colonos estarem vivendo em pecado, sem dar exemplos. No primeiro domingo em terra, fez uma pregação, algo que, segundo ele, nunca tinha sido feito por ali e continuou fazendo nos domingos seguintes, além de ouvir confissões e agir para melhorar a conduta moral da população.

Esse trabalho foi continuado em 1550 pelo padre Afonso Brás, acompanhado do irmão Simão Gonçalves, como vemos em uma carta dele do ano seguinte13HUE, S. M. (ED.). 24/08/1551: Outra enviada do porto do Espírito Santo [pelo padre Afonso Brás]. In: Primeiras Cartas do Brasil [1551-1555]. Rio de Janeiro: Jorge Zagar Ed., 2006a.. Esses jesuítas foram os responsáveis por iniciar a construção do Colégio de Santiago na vila de Vitória.

Padre Afonso, inclusive, escreve sobre alguns dos pecados que seu antecessor omitiu. Segundo ele, havia muitos homens vivendo com amantes, os quais ele se esforçou para separar. Só que esses não eram os piores. Segundo ele, o maior problema na capitania eram os jogos de azar. “Os jogadores”, escreveu, depois de tomar deles muitos baralhos e dados, “permaneciam muito em seus vícios e maus costumes, e eram os piores de arrancar de seus pecados”.

Os desafios de Afonso no Espírito Santo tiveram que ser postos em pausa pouco mais de um ano depois, como diz uma carta do padre Francisco Pires141552: Carta do padre Francisco Pires para os irmãos de portugal. In: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (Ed.). Cartas Avulsas, 1550-1568. v. II. Rio de Janeiro: Officina Industrial Graphica, 1931b.. Quando Afonso voltou para Porto Seguro foi substituído pelo padre Manuel de Paiva. Segundo Francisco, padre Manuel e os três jovens que o acompanhavam continuaram a construção da casa que se tornaria o Colégio, que os padres da Companhia esperavam ser uma obra de grande sucesso: “vai em muito crescimento aquella casa e ha de ser a melhor de toda costa”, escreveu o padre Francisco, “em razão dos muitos mantimentos que alli ha em muita abastança, posto que agora esteja muito pobre de gente”.

Nos anos seguintes, o trabalho continuou e os jesuítas iniciaram a sua expansão pela capitania. A sua saga no Espírito Santo e no Brasil está exposta em detalhes na grandiosa obra História da Companhia de Jesus no Brasil, do padre Serafim Leite. Por seus 10 volumes, publicados entre 1938 e 1950, Serafim apresenta diversas cartas e documentos e nos mostra como foi essa expansão. No volume VI, especialmente voltado para o Espírito Santo, ele apresenta um mapa que mostra as posses que os padres tinham na capitania ainda no primeiro século da colonização:

 

Os Jesuítas no Espírito Santo (1551-1760) adaptado de: LEITE, S. História da Companhia de Jesus no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1945. Veja este e outros mapas em historiacapixaba.com.

Ao sul de Vitória, havia a aldeia de Nossa Senhora da Assunção, ou aldeia de Reritiba, fundada em meados do século 16. Ela estava entre as principais aldeias dos jesuítas na capitania seiscentista15SALVADOR, F. V. de. História do Brasil (1627). [s.l: s.n.]. p. 119–120. Disponível em: . Acesso em: 5 set. 2020.. Com o tempo, Reritiba passou a ser chamada de Benevente e, depois, de Anchieta.

Guarapari também foi uma aldeia fundada no século 16, e a primeira das aldeias jesuítas a se tornar vila no Espírito Santo, em 1679, durante o governo de Francisco Gil de Araújo16SOUSA, G. S. de. Tratado Descritivo do Brasil (1587). 3. ed. Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, 1851. p. 141.. Sua origem está ligada aos conflitos com os franceses pela posse da região do Rio de Janeiro, quando os portugueses teriam conseguido grande apoio indígena para a expulsão dos inimigos, tendo depois permitido que eles habitassem a região pouco ao sul de Vitória.

Outra aldeia, da Conceição, foi fundada graças à aliança que se estabeleceu entre o primeiro donatário, Vasco Coutinho, e um índio temiminó chamado Maracaiaguaçu. Com a chegada dos colonizadores na região, os tamoios se fortaleceram nas regiões ao sul da fronteira do Espírito Santo e fizeram uma guerra contra os temiminós, expulsando-os em direção à capitania de Vasco17RIBEIRO, L. C.; FOLLADOR, K. J.; QUINTÃO, L. d. C. Território e territorialidade no império das redes: o Espírito Santo nos séculos XVI e XVII. Dimensões, [s. l.], v. 31, 2013. p. 50.. Seu líder foi apadrinhado por Duarte de Lemos e o grupo foi alocado a pouca distância de Vitória, ao norte, onde hoje se encontra a cidade da Serra. Ali formaram sua aldeia sob o acompanhamento dos jesuítas.

O Colégio de Reis Magos começou a ser estabelecido em 1569, devido à presença do padre José de Anchieta no Espírito Santo, que ali chegou para administrar a presença jesuíta. As terras ao redor não pertenciam aos religiosos e sim a colonos, e apenas em 1610 é que houve a doação oficial das terras para os índios viverem e cultivarem18Livro Tombo da Vila de Nova Almeida. Vitória: Imprensa Oficial do Espírito santo, 1945. p. 47.. O Colégio ainda está de pé em Nova Almeida, distrito da Serra. Os índios que ali viveram tinham migrado de outra aldeia jesuíta mais ao norte, chamada Santa Cruz, onde hoje há um distrito da cidade de Aracruz com o mesmo nome.

 

A aldeia de São João foi fundada onde é hoje Carapina, bairro também da Serra, e se encontra a sul de Nova Almeida. Há quem acredite que essa aldeia foi liderada pelo índio Arariboia antes de ele ir para o Rio de Janeiro ajudar na luta para expulsar os franceses na década de 155019GHIDETTI, G. A. Indígenas no Espírito Santo: de sujeitos anônimos a agentes ativos nas disputas de poder entre os séculos XVI-XVII. 2019. Dissertação (Mestrado em História) - Centro de Ciências Humanas e Naturais, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2019.  p. 32–33.. Arariboia obteve muito prestígio e sucesso nessa jornada e ele e seus familiares receberam reconhecimento, títulos e terras nas proximidades da vila de São Sebastião do Rio de Janeiro20DUARTE, M. F. De Arariboia a Martim Afonso: a metamorfose indígena pela guerra nas águas da Guanabara. Revista Navigator, [s. l.], v. 7, n. 14, 2011. p. 100–101..

Vendo a quantidade de igrejas e missões jesuíticas espalhadas principalmente na parte sul do Espírito Santo, não há dúvida do sucesso administrativo dos jesuítas nesses primeiros anos de colonização. Eles também foram responsáveis por iniciar um novo tipo de relação entre os colonos e os nativos.

É claro que antes de 1550 já havia diferentes relações entre os dois grupos, fossem elas de conflitos ou de amizade, mas foi com os jesuítas que deu-se início a uma política organizada de contato e conversão ao cristianismo.

Esses contatos foram importantes para a formação do Espírito Santo como colônia e serão explorados a seguir, juntamente com as relações entre portugueses e escravos africanos, que passaram por um processo semelhante de aculturação e conversão, apesar de terem seus papéis na colônia enxergados de maneira diferente por colonos e religiosos.